Metal Reunion Zine

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sábado, 18 de junho de 2011

ENTREVISTA: NAILBITER.

Após um período de correrias aqui finalmente consegui ter um papo com um grande camarada que mora na Bélgica que, pra variar, está envolvido com som Underground. Nessa conversa, falamos da banda inglesa Nailbiter, onde ele é baterista e por sorte consegui falar com o cara praticamente na véspera da tour europeia que eles vão fazer. Segue, nas linhas abaixo, a entrevista, para você, amigo leitor do Metal Reunion Zine.

 Metal Reunion Zine – Em primeiro lugar gostaria de agradecer sua disponibilidade ai para batermos esse papo. Eu começo pedindo para você contar a história do Nailbiter e descrever a discografia da banda para os leitores do Recife Metal Law.
Kamikaze – O Nailbiter surgiu quando eu e um amigo de Florianópolis, chamado Hiroshima, nos encontramos em Londres. Convidamos um português, chamado Nuno, que havia tocado no Sub-Caos de Portugal pra tocar baixo e ele sugeriu o nome Nailbiter, que é o nome da última faixa do lado B do último disco (“Scandinavian Jaw Breaker”) da extinta banda sueca Anti-Cimex. Logo começamos a fazer shows e abrir pra bandas como Disorder, Chaos UK, Tragedy, Força Macabra, Unkind, entre outras, quando elas vinham tocar em Londres. Em 2001 Nuno saiu da banda e outro amigo nosso italiano, chamado Godzilla, passou a tocar baixo. Logo depois gravamos o primeiro EP split (vinil) com a banda finlandesa Viimeinen Kolonna, e logo depois um split LP com os espanhóis do Destruccion pelo selo La Vida Es Un Mus de um amigo espanhol que vive em Londres também. Em 2002 gravamos o nosso primeiro LP, “Abused”, pelo selo norte-americano Hardcore Holocaust (que saiu em vinil e CD) e dizem que vendeu muito bem. Ainda em 2002 fizemos uma excelente turnê pela Inglaterra e Escócia. Em 2003, com a banda em plena atividade, eu fui obrigado a voltar ao Brasil, onde fiquei até 2007, e em 2010 nós decidimos reativar o Nailbiter, mesmo com Hiroshima e Godzilla vivendo em Londres e eu em Bruxelas. Logo que começamos a ensaiar surgiram propostas para shows, como o festival Puntala Rock na Finlândia, que reúne cerca de 2.000 pessoas. Depois de amanhã nós vamos sair para nossa primeira turnê europeia, com 15 datas na Bélgica, Holanda, Alemanha, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Itália e França. Para isso nos imprimimos 200 camisetas, re-lançamos todos os nossos discos num só disco, um LP em vinil, claro (risos), em 500 cópias. Paralelo a isso estamos trabalhando em um novo EP de 7 polegadas, que já está sendo produzido, eu já gravei a bateria, e os caras me disseram que baixo e guitarra já estão gravados também em Londres, faltando gravar a voz e mixar. São três sons novos, inéditos, pra mostrar que nós não estamos agarrados só ao nosso passado e que estamos mais do que nunca ‘secos’ pra tocar e trabalhar. Além do mais, a separação da banda foi uma coisa totalmente não desejada por nós, e se ficamos todos esses anos sem tocar foi por razões que não podíamos controlar, mas que se dependesse de nós não teríamos parado um só minuto que seja!

Metal Reunion Zine – Você já fez parte de uma banda aqui no Brasil, correto? Acho que era do Nordeste. Qual era a banda e o estilo?
Kamikaze – Eu já toquei em várias bandas na minha cidade, João Pessoa. As mais importantes foram Agente Laranja (1990, eu acho), que lançou duas Demo-Tapes e participou de várias coletâneas na Europa; Lixo (1998, eu acho), que lançou um EP split com a banda goiana Desastre (ativa ate hoje - www.myspace.com/desastrehc); e no período entre 2004 e 2007 eu fiz o Motherhell que lançou uma Demo (www.myspace.com/motherhell) e tocou em importantes festivais no Nordeste, como “Festival do Sol”, em Natal, e “Aumenta que é Rock”, em João Pessoa, ao lado do grande Matanza!

 Metal Reunion Zine – Fiquei sabendo pelo meu camarada do Les Sardines que, além de você, tem mais brasileiros na banda. Quem são os doidos? Como foi esse lance todo de morar na Bélgica e colar com caras da Inglaterra para montar banda?
Kamikaze – Como falei antes, o Hiroshima (guitarra/vocal) é de Florianópolis e a gente se conheceu em Londres, em 2000, e em 2010, mesmo com ele morando na Inglaterra e eu na Bélgica, recomeçamos a banda. É bom dizer também que entre Londres e Bruxelas são apenas duas horas de trem. Tem brasileiro que faz um trajeto desses todo dia pra ir pro trabalho!

Metal Reunion Zine – Vocês deram um ‘rolé’ aí na Europa esse ano. Quantos shows rolaram? Fale como foi essa experiência e a resposta do público nos eventos. Qual foi o saldo dessa tour?
Kamikaze – Nós não fizemos tour ainda na Europa. Nós tocamos no Festival “Puntala Rock”, em Tempere, Finlândia, no dia 30 de julho, e no Schorttbar Festival, em Biel, Suíça, no dia 11 de setembro. A resposta do público tem sido surpreendente, porque nós não imaginávamos que tanta gente ainda desse alguma importância pro Nailbiter ou mesmo sequer soubesse de nossa existência. Tem sido muito gratificante até agora. As pessoas dizem que estão felizes por a banda está de volta e nós mais ainda! Mas como falei, nós vamos sair em turnê de verdade, depois de amanhã. A primeira tour europeia na história da banda! Vocês podem acompanhar as atualizações pelo myspace, que é o site oficial da banda, e com certeza alguma merda vai sair dessa tour, tipo áudio e/ou vídeo. Eu gostaria de fazer um DVD. Estou levando a câmera, mas vamos esperar pelo final, ver que nível de qualidade vai sair a ‘parada’!

Metal Reunion Zine – Aqui no Brasil, quem está na batalha Underground, sempre pensa em conseguir mostrar seu trabalho para o maior número de bangers. Acredito também que muitas bandas pensam na Europa como um cenário perfeito para divulgação de seus trabalhos, devido à visão cultural diferenciada. É simples assim? Sendo brasileiro é só montar uma banda e quando colar na Europa o cara se dar bem? Consegue shows com facilidade? Vende o merchandising todo? Aquelas coisas que todo mundo pensa que rola (inclusive eu)?
Kamikaze – Eu acho que em lugar nenhum no mundo é fácil assim, nem na América, que continua sendo o maior mercado. Nada na vida vem fácil. A Europa tem toda uma estrutura antiga, todo um circuito de casas de shows, gente, rotas, tradições nessa área, mas cada banda tem que conquistar o seu público um por um. Quem sonha em arranjar uma gravadora que vai bancar toda sua parada, te colocar na estrada com toda comodidade e depositar dinheiro na tua conta, pode seguir em frente porque a loteria é um direito, e todas as pessoas podem jogar. Mas nós fazemos isso porque gostamos. Isso é o principal! Queremos ficar fora de rótulos ou modismos, por isso continuamos gravando analógico e lançando disco em vinil, isso faz parte de nossa história. Nós vemos que as pessoas que vêm nos ver já vieram antes e nós estamos disponíveis, somos abertos, conversamos e bebemos com nossos fãs... Pra nós funciona assim. Temos shows e um público fiel. É o mais importante! Por outro lado me disseram que no Brasil o circuito melhorou muito, as bandas viajam com mais facilidade, tem mais lugar pra tocar e mais shows; a economia vai de melhor a melhor e, consequentemente, o público comparece e compra material. Enfim, não sei se é verdade, mas o que sei, com certeza, é que o Brasil cresce muito e a Europa está em crise e parada. Isso reflete no Underground também. Tem um monte de banda ensaiando meses a fio, trancada num estúdio, gravando com todas as facilidades da tecnologia moderna, mas arranjar show não é fácil. Você pode tocar duas vezes por ano, durante dois anos e depois a banda acaba. A molecada quer tudo na mão hoje em dia, é tudo na base da internet, não tiveram que esperar um mês uma fita K-7 ser entregue pelos Correios pra poder ouvir aquela banda tão esperada. De certa forma a paixão pela música e pelo Underground em si é descartável. Muita gente quer começar ‘por cima’, tudo leva tempo, tudo é conseguido com sacrifício e no trajeto muita barca afunda.

Recife Metal Law – Além do Nailbiter você está envolvido em outros projetos musicais. Fale um pouco desses outros trabalhos.
Kamikaze – Eu tenho o Les Sardines (www.myspace.com/lessardines ), que é um projeto Rock And Roll com letras de humor, na linha Toy Dolls ou Ultraje a Rigor. Tem ainda outras coisas que não estão concretizadas... Estão esperando dinheiro pra poder comprar um amplificador, por exemplo, ou tempo livre que possa reunir todas as pessoas.

Recife Metal Law – Sacando aqui o Myspace da banda vi que a proposta é um lance na linha Metal Punk, mas não se prende a todas aquelas tão conhecidas peculiaridades do estilo e o som, mesmo tendo muito de ‘old school’, acaba soando original e até atualizado. Fale um pouco sobre a questão de influências e critérios para as composições da banda.
Kamikaze – Quando a gente gravou os sons que estão no Myspace não se ouvia falar em ‘Metal Punk’, mas, porra, a gente cresceu ouvindo Rock And Roll, Metal e Punk, então essas influências estarão sempre lá! A gente faz propositalmente uma homenagem ao Anti-Cimex porque essa banda foi trilha sonora de muitos momentos de diversão e embriaguez pra nós, mas a gente também se sente muito atraído por bandas obscuras do mundo inteiro, mais da Suécia e do Japão, mais especificamente, e quase nada de Hardcore norte-americano, que parece ser o mais popular. Aqui vão os nomes mais importantes e que tem influência nas nossas composições: Anti-Cimex & Black Uniforms (Suécia), Death Side & G.I.S.M. (Japão), Selfish (Finlândia). Não dá pra ficar muito melhor do que isso! (risos)

Metal Reunion Zine – Quais bandas brasileiras ‘cult’ que você curte ainda? E se você acompanha daí o que está rolando por aqui? Das bandas brasileiras atuais quais delas você aprecia o trabalho? O Nailbiter planeja algum dia tocar aqui no Brasil? Se sim, com que bandas vocês gostariam de dividir o mesmo palco?
Kamikaze – Bom, as bandas acima, mas pessoalmente... ‘Cults’: Sonic Ritual (Suécia), Extermínio & Dorsal Atlântica (Brasil). Velhas: Sepultura, Sarcófago, Sex Thrash, MX, Ratos de Porão, Korzus, Mutilator, Chakal (não você, hein!? a banda, tá? risos), Vulcano, Câmbio Negro HC, Anthares, Lobotomia, Armagedon, Besthoven, Grinders, Krueger, Garotos Podres, Olho Seco, Cólera, Medicine Death, Karne krua, Rotten Flyes, Azul Limão, Delinqüentes, Scum Noise, Restos de Nada. Atuais: Whipstriker, Desastre, Infected Mind, Matanza, Violator, Terrorstorm, D.F.C., Andralls, Social Chaos. Novas: Guilhotine de São Paulo, Thrashera do Rio de Janeiro, Carrasco e Cangaço de Recife, Madness Factory e Dissidium de João Pessoa... Enfim, são tantas bandas... Eu esqueço e infelizmente sei que deixei coisa boa de fora. Tive que dar uma pesquisada pra lembrar alguns nomes. Tem muita banda boa se for ‘fuçar’! Nós gostaríamos de dividir o palco com cada uma delas, num show diferente, e de preferência com um super cachê! Já tocamos com o Social Chaos de São Bernardo do Campo. Claro que nos gostaríamos de tocar no Brasil, em toda América Latina e do Sul, pois aí tem uma grande e fiel cena, mas faltam ofertas e é caro ir ao Brasil. Recentemente nos convidaram pra ir ao México, mas acontece a mesma coisa lá. Também há rumores de uma turnê na América do Norte e, principalmente, Canadá, terra do Inepsy!

Recife Metal Law – Vocês atualmente estão em estúdio gravando um EP? Qual o nome desse novo trabalho? Quantos músicas constarão nesse novo trabalho? Será lançado por conta própria ou alguma gravadora já fechou com vocês?
Kamikaze – O novo EP não tem nome ainda. Ainda falta gravar os vocais, mixar, masterizar, mas só depois da tour. O EP terá quatro sons, dois de um lado e dois de outro, três nossos e um de uma banda sueca. Gravamos tudo sozinhos nos estúdios de ensaio em Bruxelas e Londres. A mixagem será nosso baixista Godzilla quem vai fazer! Será lançado pelo selo Paco (La Vida es Un Mus).

Metal Reunion Zine – Além do novo disco, quais os planos da banda para 2011? Vão lançar algum split com outra banda? Fazer outra tour? Estarão participando de algum tributo ou coletânea?
Kamikaze – Pra o início de 2011 temos alguns shows previstos, muito prováveis, mas sem confirmação oficial ainda. Um final de semana com dois shows em Barcelona, no início de janeiro e dois shows na Suécia, no final do mesmo mês. Esperamos ter o novo disco pronto pra esses shows. Acho que é tudo, vamos ver o que vai acontecer...

Metal Reunion Zine – Com a certeza de que teremos outro papo desses muito em breve, eu te agradeço novamente por disponibilizar seu tempo ao Recife Metal Law e deixo essas últimas linhas para suas considerações finais. O espaço é seu meu amigo. Aproveite o espaço para deixar os links para o leitor conferir o trabalho da banda. Um abração e força!
Kamikaze – Muito obrigado pela entrevista e pela oportunidade Chakal, Recife Metal Law e você que teve saco pra ler até agora! Escutem vinil e aproveitem essa porra de vida curta!

Entrevista por Chakal
Fotos: Divulgação

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