Metal Reunion Zine

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terça-feira, 10 de maio de 2011

ENTREVISTA: HOLOCAUSTO

Holocausto! O nome já nos remete a uma situação brutal. As atividades da banda tiveram início em Belo Horizonte, nos devastadores anos 80! Época ímpar para o Heavy Metal daquela cidade, que no mesmo período apresentou para o mundo bandas como: Sepultura, Sarcófago, Witchhammer, Sextrash, Chakal, Overdose, entre muitas outras! Tive a honra de conversar com Anderson Guerrilheiro, que contou às novidades que estão por vir. Nossa troca de ideias segue nas linhas abaixo para você, leitor headbanger, do Metal Reunion Zine!

Metal Reunion Zine – Saudações Anderson! Em primeiro lugar gostaria de agradecer em nome de toda equipe do Recife Metal Law por disponibilizar seu tempo para essa entrevista e também afirmar publicamente que sinto nesse momento uma imensa honra em poder conversar com um integrante de uma banda que teve muita importância em minhas influências pessoais, visto que conheci o álbum “Campo de Extermínio” em 1991. Deixando a ‘pagação de pau’ de lado (risos), vamos ao que interessa!Tenho o hábito de pedir para o entrevistado fazer uma breve descrição da história da banda para deixar os leitores do Recife Metal Law antenados. Então, meu camarada, o espaço é seu para falar da trajetória do Holocausto até os dias de hoje.
Anderson Guerrilheiro – Bom, a banda Holocausto foi formada inicialmente nos anos 80 por Valério, Rodrigo e Marco Antonio, o primeiro baixista. Éramos todos do mesmo bairro, adolescentes. Eu tocava em outra banda, um trio, que se chamava Massacre. Com a morte do Marco em um acampamento que fizemos naquele tempo, eu acabei entrando no seu lugar, pois já conhecia bastante as músicas, uma vez que ensaiávamos no mesmo local; aí passamos a fazer shows e gravamos a coletânea “Warfare Noise” da Cogumelo. Ainda participei do “Campo de Extermínio”, “Blocked Minds” e, agora, o “De Volta ao Front”, com a nossa volta.

Metal Reunion Zine – Do “Blocked Minds” até o “De Volta ao Front” o Holocausto ficou estacionado. Foi quanto tempo isso? Nesse intervalo os integrantes montaram outros projetos musicais/bandas? O que fez vocês pensarem em reativar os trabalhos da banda e como rolou isso?
Anderson – Por mais de dez anos, pelo menos, eu e o Valério ficamos fora; o Rodrigo manteve a banda que gravou outros álbuns, mudaram bastante o estilo e com o tempo perderam a identidade a ponto de mudar o nome da banda pra Paxbaa, trabalho experimental e psicodélico. Eu só brincava com amigos de tocar e tomar umas nos ensaios (risos); o Valério sumiu por aí (mais risos). A volta foi assim: fomos acertar alguns pagamentos da Cogumelo, porque tinha relançado o “Campo de Extermínio”. Encontramo-nos e resolvemos voltar! (risos)

Metal Reunion Zine – O álbum “De Volta ao Front” marcou o retorno do Holocausto as atividades dentro do cenário metálico nacional. Eu, particularmente, achei o disco muito legal, mas, curiosamente, não vi muitas resenhas ou comentários do álbum aqui no Brasil. O que você acha que ocasionou isso?
Anderson – Eu também gosto desse trabalho. Ficamos alguns anos sem tocar e esse disco ficou muito Hardcore. Quanto às resenhas, isso depende muito de você lançar o novo álbum e sair divulgando em shows, pois tocamos pouco depois desse lançamento. Acredito que o novo álbum, que estamos gravando agora, será um clássico. O “Diário de Guerra” está muito fudido, bem ao estilo “Campo de Extermínio”.

Metal Reunion Zine – Então “Diário de Guerra” será o título do novo trabalho? Legal o título. Fale desse petardo que está por vir. Quantas faixas terão no álbum? Vai abordar temas diversos ou será conceitual? Será lançado também pela lendária Cogumelo Records?
Anderson – Sim, o título é esse. São dez músicas que abordam guerras no geral, ou seja, total War Metal. Acredito que será um novo clássico! Sim, será lançado pela Cogumelo Records, acredito que fevereiro do próximo ano.

Metal Reunion Zine – Estava vendo o documentário “Ruído das Minas” e notei que em alguns trechos vocês citavam situações históricas da cena de Belo Horizonte. Falando mais especificamente do cenário de Belo Horizonte, cidade que é considerada por muitos o ‘berço’ do Heavy Metal extremo brasileiro, essa história que começou a ser escrita por bandas como Holocausto lá nos anos 80 é valorizada até hoje ou a cena se deturpou de alguma forma devido às modernidades ou outros fatores culturais?
Anderson - Bons tempos aqueles. Sinto falta. O legal é que muitos estão ressurgindo por aí. Realmente a cena era forte. Havia algumas ‘tretas’ entre bandas, como Sepultura contra Sarcófago, mas todos estavam sempre perto; os shows eram cheios; o público curtia todas as bandas do começo ao fim. Hoje em dia uma banda entra e entra seu público, ela sai e seu público acompanha pra entrar outra com outro público. Isso só enfraquece o movimento. Há vários estilos musicais dentro do Metal, o problema que criam rivalidades e quem perde? Todos!

Metal Reunion Zine – Então, de forma geral, você acredita que esse crescimento de subgêneros dentro do Metal gerou uma postura separatista radical por parte do público que vai aos shows?
Anderson – Sim, acredito nisso! Pelo menos aqui em Minas Gerais notei isso. Eu particularmente gosto das subdivisões no Metal, assim cria diversidades no estilo musical, mas o público separa isso na hora de ver os shows, o que enfraquece muito.

Metal Reunion Zine – Mudando um pouco de assunto, mas aproveitando a conversa, vou perguntar algo que sempre deixou muita gente intrigada e até gerou polêmicas aqui no Rio de Janeiro. Eu não lembro quem era na foto, mas lá no final dos anos 80 um integrante da banda apareceu com uma suástica nazista em um capacete ou camiseta numa foto de divulgação. Deu para notar que tinha relação com o disco “Campo de Extermínio”, mas muita gente entendeu como algum tipo de apologia ao nazismo. Qual era a ideia dessa foto? Isso gerou algum problema para a banda? Vocês foram mal interpretados devido a essa polêmica?
Anderson – Não sei se é a foto do “Campo de Extermínio” tirada no cemitério... Eu mesmo usei uma camisa com suástica na foto nessa época, mas na foto não daria pra ver os detalhes, porém a suástica está desfragmentando, lançando a ideia de fim. Na verdade o disco “Campo de Extermínio” foi temático e o tema era a Segunda Guerra Mundial, especificamente o nazismo. Apenas representamos a época. Como num filme sobre o nazismo seus atores se vestem, representam e não são nazistas. Até hoje gera polêmica. Tem gente que ainda pensa que somos nazistas. Repito: apenas representamos, assim como no Black Metal tem artistas que praticamente se vestem de demônio e não o são.

Metal Reunion Zine – Vocês são da época do K-7, vinil e fanzine em fotocópia. O que vocês acharam de retornar ‘ao front underground’ em uma época tecnologicamente diferente?
Anderson – Em minha opinião é mais uma maneira de divulgação de um trabalho e do próprio movimento. Estamos na época de retornos. Por exemplo, o vinil voltou com força na Europa, estão gravando e vendendo muito, e outra, o fanzine em formato de papel pode ser guardado pra quem gosta de colecionar, certo? Tem muita gente que faz isso.

Recife Metal Law – Voltando ao assunto “Diário de Guerra”, o álbum será lançado apenas em CD ou em outros formatos também? E quanto à divulgação desse novo trabalho, já estão agitando algum lance de tour no Brasil ou internacional?
Anderson – Eu tive uma reunião com o João da Cogumelo algum tempo atrás e ele falou que acabando as gravações ele lança o mais rápido possível. Por enquanto em CD, mas ele com certeza vai querer outros formatos e as divulgações só depois de tudo pronto. Sobre shows ainda não agendamos, mas tocamos em Belo Horizonte no último dia 04 de dezembro, com Vulcano e depois vamos ver. Talvez final do ano que vem fora do Brasil, quem sabe...

Metal Reunion Zine – Espero ansioso pelo “Diário de Guerra” e agradeço novamente pelo seu tempo e por conceder essa entrevista ao Recife Metal Law. Deixo as últimas ‘linhas’ para suas considerações finais. O espaço é seu guerreiro!
Anderson – Eu que agradeço a oportunidade de dar essa entrevista e poder esclarecer todas as dúvidas que tiverem com relação a toda história do Holocausto. Precisando é só chamar! (risos) E mais um recado para o Metal: galera, podemos até subdividir o Metal, mas não deixem de curtir ou apoiar as bandas que estão no palco no momento, assim só vão fortalecer o movimento. Vida longa e força ao movimento!

Nota do Entrevistador: “Movimento” é um termo muito usado nos anos 80 que hoje em dia conhecemos como “cena” ou “cenário”.

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Entrevista por Chakal
Fotos: Divulgação

Originalmente publicado em

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